NA LUZ DA VERDADE (Edição de 1931)


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89. Uma última palavra

Acautela-te, espírito humano; pois tua hora é chegada! Só para maldades utilizaste o tempo que te foi concedido para o desenvolvimento que ansiosamente almejavas!

Acautela-te com a tua tão atrevida presunção de intelecto que te arremessou nos braços das trevas, que hoje triunfantemente te cravam as garras! Com teu próprio querer!

Levanta o olhar! Teu Senhor está próximo! Encontras-te no Juízo divino!

Humanidade, acorda da apatia, do delírio, que, paralisando, já te envolve com o sono da morte. Desperta e treme. Eu clamo ai de vós! Vós renegados, vós que na estreiteza e visão restrita vos aglomerais ao redor do bezerro de ouro das coisas efémeras, como traças atraídas por falso fulgor. Por vossa causa quebrou outrora Moisés, na ira da decepção, as Tábuas das Leis de vosso Deus, destinadas a vos auxiliar na escalada para a Luz. Esse quebrar foi o símbolo vivo de que a humanidade inteira não merecia ter conhecimento da vontade de Deus, daquela vontade que ela repeliu em um comportamento frívolo e em uma presunção terrena, para dançar ao redor de um ídolo que ela própria fizera e assim se ocupar com os desejos próprios! Mas agora se aproxima o fim no último efeito retroactivo, nas consequências, na retribuição! Pois nessa vontade, outrora tão levianamente rejeitada, deveis agora vos arrebentar!

Por isso despertai, o Juízo está sobre vós! Aí não adianta mais nenhuma queixa, nenhum pedido; pois durante milénios vos foi dado tempo para reflexão! Mas jamais tivestes tempo para isso! Não quisestes, e ainda hoje, em incorrigível presunção, vos julgais demasiadamente sábios. Não quereis reconhecer que exactamente nisso se mostra a maior estupidez. E assim acabastes transformando-vos neste mundo nos vermes nocivos que outra coisa não conhecem senão injuriar com obstinação toda a Luz, porque vós, na teimosia de somente cavar nas trevas, perdestes toda a possibilidade de procurar com um olhar livre para cima, para reconhecer ou suportar a Luz.

Com isso, estais agora marcados por vós próprios!

Por conseguinte, ofuscados, recuareis cambaleando, tão logo a Luz torne a raiar, e nisso afundareis irremediavelmente no abismo que já agora se abriu atrás de vós, a fim de absorver os assim rejeitados!

Em inevitável cerco deveis ficar atados nele, para que agora todos quantos se esforçam por encontrar a Luz, achem, no reconhecimento bem-aventurado, o caminho livre de vossa presunção e de vossa ansiedade de aceitar lantejoulas ao invés de ouro puro! Afundai nesse pavor letal que vós próprios preparastes com obstinado esforço! No futuro não mais devereis poder perturbar a Verdade divina!

Como eles tem zelo, estes seres humanos pequenos, por colocar seu ridículo saber aparente no primeiro plano, e como perturbam dessa maneira tantas almas que poderiam ser salvas, se não tivessem caído nas garras desses salteadores do espírito que, quais assaltantes das estradas, rodeiam ainda o caminho certo no primeiro trecho, onde aparentam seguir o mesmo caminho. O que é, porém, que oferecem realmente? Com grande gesto e palavras vazias baseiam-se vaidosos e ostensivos em tradições, cujo verdadeiro sentido nunca compreenderam.

A boca do povo emprega para isso uma boa expressão: Eles estão debulhando palha vazia! Vazia, porque não levantaram do chão, simultaneamente, os grãos propriamente, para os quais lhes falta a compreensão. Tal estreiteza de compreensão encontra-se por toda parte; com teimosia bronca repete frases alheias, já que não tem nada de seu para acrescentar.

São milhares, os que disso fazem parte, e outros milhares que cuidam possuir com exclusividade a verdadeira fé! Humildemente, com satisfação íntima, advertem da presunção lá, onde algo ultrapassa sua compreensão! São dos piores até! Exactamente estes já agora estão condenados, porque em sua obstinação de crença jamais poderão ser auxiliados. Quando um dia perceberem que foi um engano, já não adiantará mais qualquer espanto, lamento ou súplica. Pois não quiseram de outra maneira, perderam seu tempo. Não se deve sentir tristeza por sua causa. Cada instante é demasiado precioso, para que ainda possa ser desperdiçado com esses que querem saber tudo melhor; pois jamais despertarão de sua teimosia, mas afundarão nisso cegamente! Com palavras repugnantes e asquerosas e com afirmações de sua crença em Deus, com seu apenas ilusório reconhecimento de Cristo!

Não estão em melhor situação as massas daqueles que executam seu culto a Deus com a regularidade e obrigação de outros trabalhos, como necessário e útil, conveniente. Em parte também por hábito, ou porque é “costume”. Talvez também por ingénua precaução, porque finalmente “não se pode saber para que, afinal de contas, isso é bom”. Desaparecerão como um sopro ao vento!

Aí antes são de lastimar os pesquisadores que, em um pesquisar realmente sério, deixam de elevar-se do matagal, em que remexem infatigavelmente e supõem encontrar nele um caminho que vá ao começo da Criação. Isso, contudo, de nada adianta e não tem justificativa! Também são poucos, muito poucos. A maior parte dos que se intitulam pesquisadores perde-se em brincadeiras insignificantes.

A restante grande maioria da humanidade, porém, não tem tempo para “introspecção”. Trata-se, aparentemente, de seres humanos terrenos muito atormentados, bastante sobrecarregados de trabalho, a fim de conseguir a realização dos desejos terrenos, das necessidades quotidianas, mas, por fim, também de outras coisas que se acham muito além. Não notam que com a realização também aumentam os desejos, com o que um fim nunca chegará, que aquele, que assim se esforça, também nunca poderá chegar a obter tranquilidade, nunca encontra tempo para o despertar interior! Totalmente sem alvo elevado para a eternidade, ele se deixa empurrar pela sua existência terrena, um escravo da cobiça terrena.

Enfim, exausto por tal actividade, ainda precisa cuidar também do corpo, mediante repouso, distracção, divertimento. Logicamente não lhe sobra tempo para coisas extraterrenas, espirituais! Caso sobrevenha de vez em quando, aqui e acolá, bem suavemente a intuição para o “depois da morte”, fica igualmente algo pensativo por momentos, mas nunca se deixa sensibilizar nem despertar por isso, mas, irritado, repele então rapidamente tais coisas com lamentos de que não pode, mesmo que quisesse realmente! Falta-lhe para tanto também o devido tempo!

Muitos até querem que a possibilidade para isso lhes seja facultada por outros. Também não é raro queixarem-se do destino e resmungarem contra Deus! Para todos esses, evidentemente, cada palavra é perdida, porque jamais quererão reconhecer que dependia exclusivamente deles mesmos configurar isso diferentemente!

Para eles só há necessidades terrenas que, à medida dos sucessos, vão sempre aumentando. Nunca desejaram seriamente outra coisa. Sempre criaram obstáculos de toda sorte a tal respeito. Levianamente isso foi relegado para o quinto ou sexto lugar, a que só se chega em grave aflição ou na hora da morte. Para todos, que ainda têm tempo, isto permaneceu até hoje coisa secundária!

E, mesmo se houve alguma vez nitidamente reconhecível a oportunidade para se ocuparem seriamente com isso, surgiram logo novos desejos especiais, que não passam de desculpas, como: “Quero antes ainda fazer isto ou aquilo, e depois, sim, de bom grado estarei disposto a tanto”. Exactamente como Cristo já mencionara outrora!

Em parte alguma se encontra a seriedade tão indispensável a esta mais necessária de todas as coisas! Tal lhes parecia demasiadamente distante. Por essa razão, agora todos estão perdidos, todos! Nenhum deles será admitido no Reino de Deus!

Frutos podres para a ascensão, que só espalham mais podridão ainda à sua volta. Considerai, pois, vós mesmos, quem então ainda pode sobrar! Um quadro triste! Contudo, infelizmente bem verídico. —

E quando, agora, o Juízo subjugar a humanidade, todos cairão depressa de joelhos na poeira! Contudo, imaginai já hoje de que maneira eles, então, ajoelhar-se-ão: em todo o seu estado miserável, ao mesmo tempo também outra vez arrogantes; pois novamente apenas lamentando, pedindo, que lhes seja dado auxílio!

A pesada carga, com que eles próprios se carregaram, e que por fim os ameaça esmagar, lhes deve ser retirada! Estas são então suas súplicas! Ouvis bem? As súplicas são pelo afastamento do suplício, porém, nenhum pensamento aí na própria melhora interior! Nem sequer um desejo sincero de mudança voluntária do pensar errado de até então, dos desejos puramente terrenos! Nem a mínima vontade de reconhecer e de corajoso admitir de seus enganos e erros de até então.

E quando então o Filho do Homem, na grande aflição, apresentar-se entre eles, aí, todas as mãos estender-se-ão em sua direcção, choramingando, suplicando, porém, outra vez, somente na esperança de que ele os ajude segundo seus desejos, isto é, que suspenda o seu sofrimento, que os conduza a uma nova vida!

Ele, porém, repelirá a maior parte desses pedintes como vermes venenosos! Pois todos esses suplicantes, depois de um auxílio, logo tornariam a cair em seus antigos erros, envenenariam também o ambiente. Ele acolherá somente aqueles que lhe pedirem forças, a fim de finalmente adquirirem ânimo para uma melhora duradoura, aqueles que humildemente esforçarem-se para desfazer-se de toda obstinação de até então, e saudarem alegremente a Palavra da Verdade proveniente da Luz como redenção! —

O Filho do Homem! Já hoje, arrogantemente, a humanidade quer tê-lo somente de acordo com os seus desejos, e presumir que pode medir nele a sua crítica intelectiva terrena! Que podem aproximar-se dele com o tagarelar moroso das próprias opiniões.

Tolos, justamente isso vos causará feridas terríveis! Justamente por isso sereis antes de tudo condenados, porque da mesma forma também fostes outrora ao encontro do Filho de Deus, o qual até hoje ainda não reconhecestes direito. O Filho do Homem, agora na hora do Juízo, não traz explicações, sobre as quais fastidiosamente ainda podeis trocar opiniões, mas em sua Palavra encontram-se determinações, que devem ser cumpridas por vós inalteravelmente, se não quiserdes vos perder! —

Esta é por ora a última palavra. Agora o vivenciar poderá testemunhar pela verdade de minha Mensagem!

Os espíritos humanos colocaram-se desde o início sobre base errada. Por isso, agora em média, tudo o que pensam ou fazem está errado ou torcido.

Por causa disso, uma compreensão da Mensagem do Graal, bem como, antes, da mensagem do Filho de Deus, só lhes será possível, quando um espírito humano atirar para o lado tudo quanto ele agora construiu para si por meio de sua suposta compreensão, e recomeçar tudo desde o princípio! Não existe outro caminho! Eles têm, antes, de tornar-se nisso novamente como as crianças! Uma transição a partir dos erros de até agora é impossível. É preciso surgir algo totalmente novo desde a base, que cresce e se fortalece da simplicidade e humildade. Quem não pode isso, ou não quer, está irremediavelmente perdido, juntamente com os outros. —

Se os seres humanos fossem ajudados de acordo com o que pedem na hora do perigo e da aflição, então, depressa tudo seria esquecido outra vez, assim que lhes fosse tirado o temor. Sem escrúpulos, com sua insensatez, eles começariam novamente criticando em vez de ponderarem, e isso, na salvação, não é mais admitido! O tempo agora passou.

Uma tal perda de tempo como até agora será inteiramente impossível no futuro, pois a existência desta parte do mundo tem de correr para o seu final. Para cada espírito humano significa agora: ou uma coisa – ou outra! Salvação dos emaranhados por ele mesmo criados ou afundamento nisso! A escolha é livre, porém, não pode ser adiada, mas tem que ser tomada imediatamente. As consequências da resolução, porém, são definidas e imutáveis! Um hesitar é o mesmo que uma escolha para a queda! Tudo será extinto, excepto o realmente bom, que pode chegar ao reconhecimento, do qual não faz parte o actual julgar-se bom!

Como que libertados de uma grande pressão, os salvos então respirarão e jubilarão, depois que as trevas imundas e repelentes, junto com as criaturas que a elas se prenderam prazerosamente, tiverem finalmente, por meio dos golpes de espada da Luz, que afundar para o local, ao qual pertencem!

Então a Terra finalmente erguer-se-á virginalmente purificada de todos os pensamentos pestíferos, e a paz florescerá para todas as criaturas humanas!

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Actualização mais recente desta página: 4 de Março de 2020