NA LUZ DA VERDADE (Edição de 1931)


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Sexto mandamento

Tu não deverás cometer adultério!

Já o facto de existir outro mandamento que diz: “Não cobiçarás a mulher de teu próximo!” demonstra quão pouco este sexto mandamento tem relação com aquilo que a lei terrena estabelece a respeito.

Tu não deverás cometer adultério” pode também significar: “Tu não deverás destruir a paz de um matrimónio!” É natural que por paz também se entenda harmonia. Isto condiciona ao mesmo tempo como, aliás, um matrimónio deve ser constituído; pois onde nada existe para romper ou perturbar, também o mandamento não tem validade, o qual não se orienta por conceitos e determinações terrenas, mas sim segundo a vontade divina.

Um matrimónio existe, pois, apenas onde paz e harmonia imperam como algo natural. Onde um procura sempre apenas viver para o outro e proporcionar-lhe alegria. Excluem-se com isso, de antemão, completamente e para sempre, a unilateralidade e o tão enganador tédio mortífero, assim como o perigoso anseio por distracção ou a ilusão de não ser compreendido! Os instrumentos mortíferos para toda felicidade! Justamente esses males nem podem surgir num verdadeiro matrimónio, no qual um vive realmente para o outro, pois o não querer ser compreendido e também o anseio por distracção são apenas os frutos de um egoísmo pronunciado, que procura viver apenas para si e não para o outro!

Num verdadeiro amor das almas, no entanto, o mútuo alegre renunciar a si próprio torna-se algo completamente natural e nisso, reciprocamente, fica também totalmente excluído que uma das partes fique prejudicada. Pressuposto que também o nível de cultura dos que se unem não apresente demasiada disparidade!

Esta é uma condição, que a lei de atracção da igual espécie no grande Universo exige, a qual terá de ser cumprida, se a felicidade deva ser completa.

Onde, porém, não se encontra a paz, nem a harmonia, o matrimónio não merece ser chamado de matrimónio; pois então ele também não o é, sendo apenas um vínculo terreno, que perante Deus não tem nenhum valor, e que, por isso, também não pode trazer bênçãos naquele sentido, como é de se esperar num verdadeiro matrimónio.

No sexto mandamento, portanto, o matrimónio verdadeiro é, de acordo com a vontade de Deus, severa condição básica! Outro tipo de matrimónio não goza de protecção. Mas ai daquele que ousa perturbar um matrimónio verdadeiro, seja de que forma for! Pois o triunfo que julga obter aqui na Terra aguarda-o na matéria fina de uma forma inteiramente diversa! Apavorado, gostaria de fugir dela ao ter de entrar no reino, onde ela o aguarda.

Um adultério, no mais amplo sentido, já existe lá, onde é feita a tentativa de separar duas pessoas que de facto se amam animicamente, como muitas vezes o fazem os pais, aos quais esta ou aquela circunstância terrena não é de seu agrado! E ai também da mulher, ai de um homem, quer jovem ou quer velho, que, movidos pela inveja ou por motivos fúteis, semeiam deliberadamente discórdia ou até o rompimento entre um tal par! O amor puro entre duas pessoas deverá ser sagrado para cada pessoa, deverá ser objecto de respeito e consideração, mas não de cobiça! Pois está sob a protecção da vontade de Deus!

Se, porém, um tal sentimento de cobiça impura procura surgir, deverá o ser humano afastar-se e somente olhar com olhos límpidos para aquelas pessoas que ainda não se ligaram animicamente a ninguém.

Se procurar com seriedade e paciência, encontrará incondicionalmente uma pessoa que com ele combine no sentido desejado por Deus, com a qual então também se tornará feliz, sem se sobrecarregar com uma culpa, que jamais pode trazer ou proporcionar felicidade!

O grande erro dessas pessoas é, muitas vezes, que se esforçam em seguir um impulso de sentimento inicialmente sempre fraco, retendo-o à força e cultivando-o artificialmente em sua fantasia, até que, tornando-se forte, preenche-as e, martirizando, também induz ao pecado! Milhares de espíritos humanos não teriam de se perder, se apenas quisessem atentar sempre para o início disso, que, quando não decorre de cálculos do intelecto, é meramente fruto de namoros indignos de seres humanos, os quais, por sua vez, têm sua origem em nefastos hábitos da vida familiar terrena e, principalmente, da vida social! Exactamente estes são frequentemente os verdadeiros mercados casamenteiros, em nada mais limpos que o tráfico sem disfarces de escravos no Oriente! Nisso reside uma incubadora para os germes do adultério.

Vós, pais, acautelai-vos, para que não vos torneis culpados do crime de adultério para com vossos filhos, devido a cálculos demasiadamente intelectivos! Inúmeros já se enredaram nisso! Muito lhes custará para se libertarem novamente disso! Vós, filhos, tende cuidado para não vos tornardes por acaso instrumentos de discórdia entre os vossos pais, senão também sereis culpados de adultério! Reflecti bem sobre isso. Senão tornar-vos-eis inimigos de vosso Deus, e não há sequer um destes inimigos que por fim não tenha de perecer com sofrimentos indizíveis, sem que Deus mova um dedo para tanto! Jamais deverás destruir a paz e a harmonia entre dois seres humanos.

Grava isso em ti, para que te sirva sempre de advertência diante do olho de tua alma. —

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Actualização mais recente desta página: 4 de Março de 2020