NA LUZ DA VERDADE (Edição de 1931) |
Seria errado responder a essa pergunta, que se apresenta frequentemente, com uma bem determinada regra, dizendo: faça isso e faça aquilo! Com isso ainda não se indicou nenhum caminho! Não haveria nisso nada de vivo e, por esse motivo, também nada de vivo poderia originar-se daí, que é absolutamente indispensável para um impulso ascendente; pois unicamente vida possui a necessária chave para a ascensão.
Se eu, porém, disser: “Faça isso e aquilo, deixe isto”, então dou com isso apenas muletas fracas e exteriores, com as quais ninguém pode se locomover de modo direito e independente, porque essas muletas não lhe servem simultaneamente para “ver”. E, no entanto, ele deve ver o “caminho” diante de si, nitidamente, do contrário nada lhe adiantam as muletas. Tal pessoa coxeia errante como um cego em um caminho a ele desconhecido. Não, isso não é o certo, mais uma vez conduziria apenas a um novo dogma que, obstando, impede qualquer escalada.
Reflicta o ser humano: se quiser entrar no reino do espírito, terá evidentemente de ir até lá. Ele terá de ir, o reino não vem a ele. No entanto, este se encontra no ápice da Criação, é o próprio ápice.
O espírito humano, porém, encontra-se ainda nos baixios da matéria grosseira. Por isso, certamente será compreensível a cada um que antes terá de percorrer o caminho desses baixios até as alturas almejadas, a fim de alcançar o alvo.
Para que não se perca, é indispensável também que conheça exactamente todo o trajecto que terá de percorrer. E não apenas esse trajecto em si, mas também tudo quanto durante o mesmo possa vir-lhe ao encontro, quais os perigos que nisso o ameaçam e quais os auxílios que lá encontra. Uma vez que todo esse trajecto se encontra na Criação, é a Criação, torna-se indispensável que um peregrino, que se dirige ao reino do espírito, reconheça antes, portanto, de modo absolutamente exacto, a Criação que o conduz até lá. Pois ele quer atravessá-la, senão não chegará ao alvo.
Até agora não houve, pois, ser humano algum que pudesse descrever a Criação de tal forma como é necessário conhecê-la para a escalada. Dito de outro modo, não houve ninguém que pudesse indicar de modo visível e nítido o caminho para o Castelo do Graal, para o ponto mais alto da Criação. O caminho para aquele Castelo, que se encontra no reino do espírito como o Templo do Altíssimo, onde unicamente existe o puro culto a Deus. Não apenas imaginado figuradamente, mas existindo em toda a realidade.
A mensagem do Filho de Deus já apontou uma vez esse caminho. No entanto, pelo querer ser inteligente dos seres humanos, ela muitas vezes foi empregada erradamente, desse modo enganando o espírito humano e impedindo-o de ascender. —
Todavia, chegada é a hora em que cada espírito humano terá de decidir-se por si próprio pelo sim ou pelo não, pelo dia ou pela noite, se deva haver para ele uma ascensão às alturas luminosas ou uma descida, de modo definitivo e irrevogável, sem possibilidade mais tarde de uma nova alteração. Por isso, vem novamente uma mensagem do luminoso Castelo. A mensagem agora corrige outra vez os indicadores de caminho, erradamente colocados, a fim de que o caminho certo se torne reconhecível aos que procuram sinceramente. É a Mensagem do Graal, o Evangelho do Graal!
Felizes são todos aqueles que se ajustam a si mesmos a esta Mensagem com uma mente aberta e um coração livre! Eles irão encontrar Nela aquilo que eles devem saber na Criação, e eles irão ver esses degraus da escada que o seu espírito deve usar de forma a ascender e entrar no Reino Espiritual, no Paraíso.
Cada um individualmente encontrará nela o que ele necessita para, com as faculdades que ele possui, escalar para a Luz.
Só isso dá vida, liberdade para a escalada, desenvolvimento das faculdades para isso necessárias de cada um individualmente, e não apenas um jugo tão uniforme em dogma fixo, que os torna escravos sem vontade própria, que oprime desenvolvimentos autónomos e, com isso, não somente estorva a ascensão, mas, para muitos, a destrói totalmente. —
O ser humano, que conhece a Criação em sua actuação de acordo com as leis, nela compreende logo também a grande vontade de Deus. Se ele se sintoniza direito com isso, então a Criação lhe serve, portanto, também o caminho, somente para a alegre ascensão; pois desse modo se encontra também de maneira certa na vontade de Deus. Seu caminho e sua vida, por isso, devem ser agradáveis a Deus! —
Não é um beato levantar de olhos, não é contorcer-se por remorsos, ajoelhar-se, rezar, mas é a oração concretizada, executada vivamente com actividade sadia, alegre e pura. Não é suplicar choramingando por um caminho, mas vê-lo com grato elevar dos olhos e segui-lo alegremente.
Completamente diferente do que se pensou até agora, portanto, apresenta-se toda a vida que pode ser chamada de agradável a Deus. Muito mais bela, mais livre! É o estar certo na Criação, assim como quer o vosso Criador através da Criação! Na qual, falando figuradamente, segura-se a mão de Deus, que Ele assim oferece à humanidade.
Por isso, exorto uma vez mais: tomai, finalmente, tudo de modo concreto, real, não mais figuradamente, e vós mesmos sereis reais, em lugar das actuais sombras mortas! Aprendei a conhecer direito a Criação, em suas leis!
Nisso se encontra o caminho para o alto, em direcção à Luz!